sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

1961 - Thelonious Monk with John Coltrane


Ele foi o mais importante saxofonista surgido depois de Charlie Parker, desenvolvendo um novo modo de tocar que ampliou os horizontes do jazz. Evoluiu do hard bop para o jazz modal e o free, incorporando estruturas da música indiana e imbuindo suas interpretações de forte carga emocional e mística. Suas "sheets of sounds" (sequências de notas tão rápidas e longas que davam a impressão "folhas" ou camadas de som) tornaram-se um desafio para os saxofonistas. John William Coltrane nasceu em Hamlet - Carolina do Norte em 23 de setembro de 1926. Tocou em grupos de rhythm & blues e depois com Dizzy Gillespie e Johnny Hodges. Atingiu a maturidade musical no lendário quinteto de Miles Davis nos anos 50 no qual permaneceu de 55 a 60 tendo participado do lendario "Kind of Blue" marco do jazz modal. Nesse período também fez uma histórica colaboração com Thelonious Monk e lançou em 59, "Giant Steps" sua primeira grande obra como líder na qual já esboçava as "sheets of sounds". Ao deixar Miles formou o clássico quarteto que incluía McCoy Tyner (piano) e Elvin Jones (bateria). Ainda em 60 lançou "My Favorite Things" outra obra-prima. Suas experimentações atingiram a plenitude em "A Love Supreme" de 64 onde mergulhou na música indiana e no espiritualismo. "Ascension" de 65 marca sua adesão ao free jazz. Estava no auge da carreira quando em 17 de julho de 67 morreu de infecção hepática em Huntington - Nova York. Nos anos 30 o jazz era a melhor diversão e música para dançar. O bebop o intelectualizou, almejando convertê-lo em forma de arte. Coltrane levou-o a um novo patamar adotando uma atitude espiritualista perante a música. Ele "escreveu" seu próprio livro sagrado - o LP "A Love Supreme" de 64, que dedicou a Deus. Os quatro temas do disco sucedem-se como uma oração sem palavras (com exceção da frase mântrica que dá nome a ele) capaz de comover o jazzófilo mais ateu. Apesar de manifestar interesse pela cultura hindu, ele parecia não se vincular a uma religião específica. Sua crença era de que todas as pessoas deveriam se esforçar em prol de um mundo melhor e que a música poderia ser um veículo para transmitir pensamentos positivos. A "pregação" de Coltrane foi bem sucedida. Seus mais fiéis seguidores, o saxofonista Pharoah Sanders e a viúva Alice Coltrane também adotaram uma postura devocional e positiva diante da música e da vida. Thelonious Monk & John Coltrane traça um perfil da genialidade do mestre. Coltrane tinha uma verdadeira admiração por Monk "ele é um dos poucos que realmente pensa a música. Monk é um arquiteto musical da mais alta ordem." Juntos gravaram esse albúm que apesar de registrado em rolo em Abril e Julho 1957 so foi lançado em 1961. As seis composições do album - "Ruby My Dear", "Trinkle, Tinkle" , "Off Minor", "Nutty", "Epistrophy" e Functional" tinham sido retiradas do imenso catálogo do pianista. Sua parceria com Thelonious Monk durante o ano de 1957 foi uma das mais belas da música e merece ter sua história contada.

Curiosamente: a faixa "Functional" é um longo solo apenas de Monk.



Faixas:

01 - Ruby, My Dear

02 - Trinkle, Tinkle

03 - Off Minor (Take 4)

04 - Nutty

05 - Epistrophy (Alternate Take)

06 - Functional (Alternate Take)



Musicos:

Thelonius Monk – piano (Faixas 1,2,4,6)

John Coltrane – Sax. tenor

Wilbur Ware – Baixo Acustico

Shadow Wilson – Bateria (Faixas 3,5)

Ray Copeland – Trompete

Gigi Gryce – alto saxophone

Coleman Hawkins – Sax. tenor

Wilbur Ware – Baixo

Art Blakey – Bateria

Nenhum comentário:

Postar um comentário